terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O beija-flor

Andando pelas ruas de Pouso Alegre me deparei com um beija-flor no chão, no meio de um montinho escasso de areia, fraco, com a respiração ofegante e profunda. Peguei o pássaro em minhas mãos e percebi que era um filhote pela presença da penugem. Ele me olhou de uma maneira que poucas pessoas tem a capacidade de olhar. Sinto que ele esperava de mim uma ajuda. Imediantamente o levei para casa, dei agua com açucar, apesar de saber que é errado, mais naquele momento era a unica opção que tinha. Ele bebeu aquela mistura doce feito uma criança morta de sede e engolia a agua na esperança que ela pudesse cura-lo de todos males que o aflingia. Infelizmente não pude ficar com ele, mas pedi para meus avós cuidarem. Era muito bonito ver a garra que o beija-flor tinha. Ele tentava voar toda hora, mas logo vi que a asa dele estava quebrada e sangrando. No dia seguinte ele veio a falecer.
Passei a semana inteira pensando no bichinho. Como um animal que possui tanta liberdade pode de uma hora para outra ficar refém de uma ajuda que ele nem sabia se iria o salvar ou não. Confesso que diante a situação de não ter conseguido salvar o passaro me deixou triste com uma sensação de fracasso, de dever não cumprido.
No entanto, ergui a cabeça e dei bola pra frente, afinal não podemos nos considerar os heróis do mundo, e também nem quero ser reconhecida assim. Um peso desse nas costas pode trazer sérios problemas para o psicológico. 
Analisando melhor este episódio cheguei a conclusão que as vezes tanta liberdade pode nos levar ao fracasso e que devemos dar valor a cada ajuda que recebemos e nos apegar a cada esperança de vida que temos.

Apesar do texto mal escrito, havia bastante tempo que queria escrever sobre o beija-flor, um fato que me comoveu muito. Até hoje fico pensando como um pássaro que tinha tanta liberdade, hoje não a tem mais. E como eu que tenho tanta liberdade, hoje não aproveito da maneira mais correta. Era para ser ao contrario, ele livre e eu "presa". Acho melhor começar a aproveitar as oportunidades, porque o tempo passa sem deixar avisos, mas deixando consequencias.

Ao meu amigo beija-flor, deixo minhas eternas saudades!

2 comentários:

  1. Nay...que lindo!
    Sua atitude me lembrou daquela famosa fábula do incêndio na floresta, onde todos os bichos fugiam das chamas, menos um: o beija flor, que apesar de pequeno, carregava gotas de água no bico. Assim como ele você fez sua parte.
    Beijos!

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  2. Que lindo o texto!!!
    Me fez lembrar um episódio parecido e muito triste, que faz minha consciencia pesar (e muito!!)! No meu caso era um pardal!
    Muito lindo o beija-flor tb!!
    Beijos!

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