quarta-feira, 21 de julho de 2010

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"

O meu olhar é nítido como um girassol.


Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...



O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...



Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar...



Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Obrigada querido


Você já era em minha vida. Serviu só pra sexo, diversão, aventura, loucura, tesão. Foi bom, gostoso, intenso, mas sei lá, a graça acabou. Antes tinha todo aquele lance de trocas de olhares,  aquela pegada. Mas agora, já conheço todas suas faces. Sei do que você gosta, das posições que deseja em uma mulher. Sei do jeito que você pega, onde coloca suas mãos. O que mais falta para eu descobrir?
É, o jeito é esperar passar tudo, para ver se com as folgas suas atitudes se renovam. Quem sabe meu desejo volta? Mas até lá....
Obrigada por ter me satisfeito, por ter matado minha sede e desejo!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mulher da vida é assim mesmo

Feito uma puta, das mais ordinárias possíveis, ela se entregou. Não era acostumada a fazer certos tipos de coisas, muito menos ir beijando qualquer um. Mas então, como se tornou nessa figura baixa, sem pudor algum?


É só recordar que nasceu dentro dela uma imensa vontade de viver. E feito criança comendo chocolate, começou a lambuzar toda. Sozinha não adiantava mais.

Festas, bebidas, cigarros, sexo, pareciam fazer da sua vidinha pacata a mais deliciosa das sensações a se experimentar. Mas como julgava ser boa moça resolveu abrir mão de alguns itens, visto que não queria ser mal falada. Tentou...

Tentou e resistiu. Porém até certo ponto. Era chegar na festa e avistar o alvo que aquela vontade e desejo carnal se revigorava dentro dela. Partia para o ataque e enfim, conseguia. Primeira vitória de muitas.

Mas algo saiu do seu controle. Bêbada, já não sabia o que fazer, falar. Suas atitudes estavam desconexas. Andava de um lado para o outro, perdida, sem rumo. Novamente atingiu a tão esperada vitória. Só que desta vez teve direito a sobremesa. Numa falta de vergonha total se entregou e aproveitou o resto da noite. Posições jamais imaginadas e uma vontade imensa que aquilo durasse até o outro dia. Não foi bem assim. Pegos no flagra, mais uma vez agiu feito uma prostituta de “respeito”. Nem ligou e continuou dando prazer ao seu homem.

Acordou no outro com o cara ao lado. De noite, nem uma troca de carinhos, nem um olhar, nem um dorme com Deus. Pegou suas coisas e partiu para sua casa, ainda tonta com o álcool que consumia suas vísceras e neurônios.

Arrependeu-se? Jamais! Mulher da vida é assim mesmo.

E ela está louca para uma nova investida, nova vitória, e quem sabe, uma sobremesa diferente. Mas se for a mesma, também está encarando.